terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Entrevista com Fábio Emecê sobre o seu novo trabalho - Desobediência Civil

Fábio Emecê é artista e fundador da Faixa de Gazah, fez parte dos grupo Bandeira Negra e atua 10 anos dentro da cultura Hip Hop.
O artista do interior do Estado do Rio de Janeiro acaba de lançar o compacto um do cd Desobediência Civil intitulado BOUAZIZI. Neste seu novo trabalho, Fábio interpreta a visão de um militante dentro de uma manifestação e com a possibilidade de enfrentamento com a Tropa de Choque. Gravado em parceria com o mc e produtor paraibano Pertnaz, onde em seu estúdio Esquema da Massa, captou as vozes, masterizou e fez os beats. Na pequena entrevista, o Mc explica melhor o processo de composição do compacto:

O que seria Desobediência Civil e sua relação com a arte e a cultura urbana?

Fábio Emecê: A desobediência civil é a resposta a opressão do sistema representativo. Um resposta que pode ser violenta e direta, ou violenta e indireta e aí entra a questão da arte e da cultura urbana. Eu digo violenta, pois responder a opressão pacificamente é nulidade e a violência pode ser encarada como mudança de postura, de paradigma. Sendo direto, você sai na porrada nas ruas, sendo indireto, se produz uma obra artística de contestação. A cultura urbana é justamente uma resposta a não adequação da urbanidade e sua higienação. Então ela responde bem ao bater de frente ao sistema opressor representativo.

Onde você encontrou inspiração e referência para abordar um tema tão polêmico e complexo dentro da sua proposta musical?

Fábio Emecê: Quando você lê a história de um verdureiro que coloca fogo em seu corpo em resposta a um embargo governamental ao seu direito de comercializar suas hortaliças e a partir disso se derruba um, dois, três governos, pessoas vão as praças, dialogam, ouvem, rejeitam líderes e mudam radicalmente seus destinos, isso inspira. E como sempre encarei a música como uma forma de propor reflexão dentro de um ritmo específico, essa história iria ter algum elo com o que eu faço!

Quando surgiu a ideia de gravar Desobediência Civil e por que a escolha de gravá-lo e produzi-lo na Paraíba com o rapper Pertnaz?

Fábio Emecê: A idéia de gravar é um proposta do selo Faixa de Gazah que tem um viés periférico e de afirmação de vozes historicamente silenciadas. Faz parte de uma proposta de elencar temas anuais que permearão os artistas ligados ao selo para se desenvolver trabalhos específicos, fora os trabalhos individuais. E gravar com o Pertnaz é um processo de amadurecimento da amizade e entendimento de que ele seria capaz de captar e conduzir o trabalho de uma forma eficiente e competente. Sem contar que é uma valorização de espaços, de atores e mostrar que existem pessoas fora do eixo Rio-São Paulo que estão produzindo com qualidade.

Como se deu o processo de produção deste EP junto com o rapper Pertinaz?

Fábio Emecê: O Pertnaz fez as bases, eu compus e no estúdio dele, chamado Esquema da Massa, houve a captação das vozes e a masterização.


Quando o público poderá adquirir este EP e qual a perspectiva de produção dentro dessa temática?

O EP que estamos chamando de Compacto, tem previsão para ser lançado no dia 10 de fevereiro e a ideia é sair outros compactos com o Clovis BateBola, Mano Gláucio e Invadindo o Recinto. Além disso, deverão sair textos literários e vídeos sobre o tema. Enfim, 2012 a Faixa de Gazah será Civilmente Desobediente.

Dj Raffa