Fábio Emecê é artista e fundador da Faixa de Gazah, fez parte dos grupo Bandeira Negra e atua
10 anos dentro da cultura Hip Hop.
O artista do interior do Estado do Rio de Janeiro
acaba de lançar o compacto um do cd Desobediência Civil intitulado
BOUAZIZI. Neste seu novo trabalho, Fábio
interpreta a visão de um militante dentro de uma manifestação e com a
possibilidade de enfrentamento com a Tropa de Choque. Gravado em
parceria com o
mc e produtor paraibano Pertnaz, onde em seu estúdio Esquema da Massa,
captou
as vozes, masterizou e fez os beats. Na pequena entrevista, o Mc explica
melhor
o processo de composição do compacto:
O que seria Desobediência Civil e sua relação com a arte e a
cultura urbana?
Fábio Emecê: A desobediência civil é a resposta a opressão do sistema
representativo. Um resposta que pode ser violenta e direta, ou violenta e
indireta e aí entra a questão da arte e da cultura urbana. Eu digo violenta,
pois responder a opressão pacificamente é nulidade e a violência pode ser
encarada como mudança de postura, de paradigma. Sendo direto, você sai na porrada
nas ruas, sendo indireto, se produz uma obra artística de contestação. A
cultura urbana é justamente uma resposta a não adequação da urbanidade e sua
higienação. Então ela responde bem ao bater de frente ao sistema opressor
representativo.
Onde você encontrou inspiração e referência para abordar um
tema tão polêmico e complexo dentro da sua proposta musical?
Fábio Emecê: Quando você lê a história de um verdureiro que coloca
fogo em seu corpo em resposta a um embargo governamental ao seu direito de
comercializar suas hortaliças e a partir disso se derruba um, dois, três governos,
pessoas vão as praças, dialogam, ouvem, rejeitam líderes e mudam radicalmente
seus destinos, isso inspira. E como sempre encarei a música como uma forma de
propor reflexão dentro de um ritmo específico, essa história iria ter algum elo
com o que eu faço!
Quando surgiu a ideia de gravar Desobediência Civil e por
que a escolha de gravá-lo e produzi-lo na Paraíba com o rapper Pertnaz?
Fábio Emecê: A idéia de gravar é um
proposta do selo Faixa de Gazah
que tem um viés periférico e de afirmação de vozes historicamente
silenciadas.
Faz parte de uma proposta de elencar temas anuais que permearão os
artistas
ligados ao selo para se desenvolver trabalhos específicos, fora os
trabalhos individuais. E gravar com o Pertnaz é um processo de
amadurecimento da amizade
e entendimento de que ele seria capaz de captar e conduzir o trabalho de
uma
forma eficiente e competente. Sem contar que é uma valorização de
espaços, de
atores e mostrar que existem pessoas fora do eixo Rio-São Paulo que
estão
produzindo com qualidade.
Como se deu o processo de produção deste EP junto com o
rapper Pertinaz?
Fábio Emecê: O Pertnaz fez as bases, eu compus e no estúdio dele,
chamado Esquema da Massa, houve a captação das vozes e a masterização.
Quando o público poderá adquirir este EP e qual a
perspectiva de produção dentro dessa temática?
O EP que estamos chamando de Compacto, tem previsão para
ser lançado no dia 10 de fevereiro e a ideia é sair outros compactos com o
Clovis BateBola, Mano Gláucio e Invadindo o Recinto. Além disso, deverão sair
textos literários e vídeos sobre o tema. Enfim, 2012 a Faixa de Gazah será
Civilmente Desobediente.
Dj Raffa
Nenhum comentário:
Postar um comentário